Marçal de Oliveira Huoya

Quintal

A vida segue

Os portões enferrujam

O mato toma conta do jardim

As folhas mortas sujam

O que já foi algazarra

Brinquedos no capim

Gritar, brincar e sorrir

A inocência do porvir

Hoje é silêncio

Ideia perene de um fim

A criança que ali vivia

Ainda se agarra aos vultos

Aos rostos ocultos

Pela névoa da disforia

A decorada coreografia

De tudo presente sem ninguém

Todos em seus lugares

No entra e sai, no vai e vem

Arrependido pelo não feito

Sussurra entre dentes

Ah no meu tempo

Não foi desse jeito

Ah no meu tempo não era assim

Nada eternamente será perfeito

E mais pois agora

Que para ele

Não há mais jardim...