A vida segue
Os portões enferrujam
O mato toma conta do jardim
As folhas mortas sujam
O que já foi algazarra
Brinquedos no capim
Gritar, brincar e sorrir
A inocência do porvir
Hoje é silêncio
Ideia perene de um fim
A criança que ali vivia
Ainda se agarra aos vultos
Aos rostos ocultos
Pela névoa da disforia
A decorada coreografia
De tudo presente sem ninguém
Todos em seus lugares
No entra e sai, no vai e vem
Arrependido pelo não feito
Sussurra entre dentes
Ah no meu tempo
Não foi desse jeito
Ah no meu tempo não era assim
Nada eternamente será perfeito
E mais pois agora
Que para ele
Não há mais jardim...