Quando entenderá que não há porto seguro
para quem navega em círculos?
Você fala em pedidos de perdão não escritos...
Eu coleciono desculpas não ditas como selos velhos
daqueles que ninguém mais envia cartas.
A árvore no asfalto já dá sombra.
E você? Ainda se esconde
no mesmo beco da sua mente astuta?
Não responda.
Sequer sei para onde mandaria esta carta
Das esquinas perdidas que sempre esteve
Mas que não imagina o quão maravilhoso
é participar do seu mundo onde seu abraço conforta
e desliga qualquer mente bagunçada,
com a mistura da sua risada.
Desta vez, nem vou me dar ao trabalho de rasgar a carta.
Vou deixá-la aqui inteira, como você nunca me teve.
De todos os seus vários amores
e labores das mesmas histórias...
Do qual fiz parte dessa trajetória
Mas entendo sua arte, artista.
O poeta incompreendido, o alma torturada,
o gênio que ninguém soube amar ou entender.
Por isso acho isso tudo faz suas poesias e melancolias crescer.
Eu? Fui a louca. A carente.
A que \"não soube esperar\".
A que \"exigiu demais\" quando pedi o mínimo.
Com as frases clichês de que o tempo não favoreceu,
fizemos tudo errado.
Nunca contaram como chorei em silêncio
enquanto você fumava seus dramas
e vendia nosso sentimento de inicio para aqueles
que diziam ser seus amigos,
como verso em mesa de bar.
E no final eu traguei goela a baixo a aceitação da sua escolha
do seu estilo de vida que me fez voltar para minha bolha.
Como sempre tendo que aceitar, e deixar devagar.
Pois acredito que seja assim o gesto de amar.
Mas hoje...
Hoje a árvore do asfalto quebrou o cimento.
E adivinha? Ninguém viu.
Porque dor de mulher não faz barulho
quando cai, só quando quebra algo.
E mesmo assim, continuo a sorrir.
Não estou no poço. Já cavei o meu e saí.
Não quero voltar.
E você? Continua se afogando
no mesmo copo de whiskey
ao som de Boomerang Blues,
onde sempre botou a culpa no gelo.
Quem finalmente entendeu
que sair da sua história
foi a única página que valia ser rasgada.
E sobreviver a alguém que preferiu se perder a ser salvo