ranielson alves ferreira

O ABRAÇO DO DESCANSO ETERNO

A verdade é que estou tão destruído que nem mesmo consigo pedir ajuda... Meu corpo não aguenta mais tanta mentira, tantas tentativas falhas de me encontrar...que nem mesmo confio em mim ...

Estou em um emaranhado onde não consigo mais enxergar a saída, tudo está me destruindo, e continuo fingindo que está tudo bem...

Já me afoguei tantas vezes, que nem sei mais se estou no fundo do poço, ou se o poço já está dentro de mim, me afoguei em minhas lágrimas que secaram e agora não escorrem mais.

As âncoras que criei me afundaram, e minhas saídas se fecharam, com chaves que não abrem portas, mas que fecham caminhos, eu me perdi na minha própria mente e até mesmo a minha imaginação se esqueceu o que é imaginar ...

Não sinto mais nada, e nem mesmo quero morrer, as vezes parece que tenho medo dela, mas logo vejo que seu abraço seria meu conforto, seria meu sono profundo que há muitas noites não encontro em minha cama ...

Eu me perdi em tantos caminhos que não existem mais nenhum lugar para ir, tudo se tornou escuro e frio, nada mais é sentido a não ser quando ela me toca, que me deixa feliz e extasiado, mas que me tortura quando ao fim eu a deixo ir ...

Seria aí a nossa relação tóxica? Mas seria eu o tóxico ao ponto de não conseguir fazer com que ela faça parte de mim? Ou ela já faz parte e eu não entendi nada do que ela tentou me mostrar?

São tantas as perguntas sem resposta que estou no mesmo lugar, na mesma cama, com os mesmos olhos e pensamentos com apenas um foco, fazer com que meus amigos me façam dormir, mas nem eles conseguem.... Só que não sei se é este o ponto onde eu busco ajuda ou me recolho para minha concha e aceito o abraço da morte...

Seria este o ponto em que largo tudo e deixo o vício tomar conta?? Seria aí que paro de ser racional e largo tudo pra com ela viver?? Aí é quando começa o ciclo em abandonar tudo, tudo por ela... Apenas ela ...minha companheira, meu guarda roupa até Nárnia, minha plataforma para Hogwarts, ou seria na verdade aí em que Caronte vem e me busca em sua bela canoa pronta para me levar ao tártaro?

Na real, eu já perdi tudo, apenas mantenho um fino cordão segurando uma ponte que está prestes a desabar ...

Eu me tornei nada e não precisei de muito para isso ... eu me tornei o abraço da morte, e a sorte da solidão, eu sou o fardo do mundo, e o peso de uma vida que nunca irá conseguir entender o mundo ou a si mesmo ...

Serei apenas mais um, apenas mais um na multidão, que se perdeu e esqueceu o que é ser um ser humano, que perdeu tudo que sonhou, tudo porque deixou ela entrar, porque acreditou que era mais forte que ela... Porque se achou um Deus perante uma divindade maior...

Eu sou um nada e ela é um tudo em mim ...

Este será meu último ato, para deixar claro que nunca abracei ela apenas porque eu queria ...mas porque achei que poderia fugir para onde era mais fácil ...

Hoje esgoto meus anseios e desejos, meus sonhos viraram pó e eu me tornei apenas uma carcaça vazia, sem nada... O que será dela eu não sei, mas a minha mente está indo embora, partindo para tão longe que nada nem ninguém poderá trazer de volta... Tudo que havia foi feito, tudo passou e nada ficou.

Hoje eu te abraço e recebo o conforto que tanto busquei!

Me dê seu último beijo e me leve ao seu encontro ... Que desta vez ele seja eterno, e que a gente se encontre talvez em uma outra ocasião ou que apenas suma no universo como um pequeno grão que dele faço parte.

Me beije e não me solte... Me console, me faça de ti a sua morada ou controle a minha vida para que ao final minha alma seja sua ...

Que soe profano, mas que me leve ao tal sonhado descanso que tanto almejei ...

Seja bem vinda ó morte, aquela que tanto temem, o seu filho te espera de braços abertos para nosso último abraço, nossos últimos momentos juntos ...

 

 

 

 

“Talvez um dia você entenda, que seu maior presente foi também seu maior castigo.”