Sezar Kosta

O JARDIM DO DOCE AMOR

O amor é como o doce de abóbora

que começa no campo,

na terra úmida,

no corte cuidadoso da fruta madura.

 

Ele precisa do fogo baixo,

da colher que não para,

do açúcar que equilibra o amargo.

Às vezes, ele escapa da panela,

borbulha além do controle,

e queima.

 

Mas, quando acerto,

o amor tem gosto de infância,

do cheiro doce que preenche a cozinha,

do som de risos ao redor da mesa.

 

É como um lençol no varal,

dançando com o vento,

ou como duas mãos que se encontram na reza,

silenciosas e firmes.

 

Amar é plantar flores no quintal,

mesmo sabendo que a chuva forte

pode levar tudo.

É aceitar que o jardim cresce devagar,

entre folhas secas e pétalas novas.

 

E, no fim, são as mãos sujas de terra,

o cheiro do doce no ar,

e o sol que atravessa as nuvens,

que fazem tudo valer a pena.