O chão de sua casa
Um perfeito exemplo do caráter sólido
Que te define como pessoal
Está agora liquefeito e translúcido
Instável a cada passo meu
Mostrando, sem cerimônia alguma
Cada assombração guardada
Dentro do seu interior
Pude ver todos os problemas
Que te consumiam, cortavam e atormentavam
Por dentro, as coisas para quais você teve
Força suficiente para represar, esconder
Amordaçar e prender, mas agora estava fraca
Para encobertar as feras marinhas
E o estrago que elas fizeram
Presenciei a água tomar conta
De sua residência
As monstruosidades aquáticas
Aumentavam o nível do alagamento
Tomando fotografias, lembranças, enfeites
Tudo aquilo que lembrava você
De você mesma
Tentei te puxar para fora
Desta enchente formada pela mesma água
Na qual você adorava se banhar
Mas você recusou
Argumentei que você poderia se afogar nela
Porém fui refutado pela sua pessoa
Alegando que somente por meio deste afogamento
Poderia tirar um momento
Para respirar