Entre soluços e travesseiros encharcados,
me afastei de você
com o coração implorando ar,
e os olhos pedindo trégua.
Foi preciso...
mesmo que cada gesto gritasse o contrário.
Bloquear você não foi rompimento,
foi sobrevivência.
Chorar não foi adeus,
foi instinto.
No silêncio do quarto,
sem testemunhas, sem promessas,
me abracei como nunca.
Minhas mãos
que tanto buscaram as suas
aprenderam a me consolar.
Meu peito que tremia de falta
acolheu meus próprios naufrágios.
Sim, ainda dói.
Sim, ainda te penso.
Mas hoje, só por hoje,
me escolhi com a dor.
Mas hoje...
com as mãos trêmulas,
os olhos marejados,
e o peito ainda aberto
eu fiquei.
Fiquei por mim.
Fiquei apesar de mim.
Fiquei mesmo sem saber como.
Hoje,
eu fui abrigo.
Mesmo ferida,
eu fui casa pra mim.