MG

Entre o amor e a Guerra

Nos cruzamos como estrelas que se esbarram,
num céu distraído de destino e presságios.
E por um instante breve — eterno —
o mundo silenciou só pra nos ouvir sorrir.

Eu era abrigo, pequenos gestos e calmaria.
Você, tempestade em farda, olhar perdido no horizonte.
E mesmo com a guerra te rasgando os dias,
você me ofereceu sonhos com mãos trêmulas.

Vivemos entre pausas de medo,
falamos de amor entre sirenes e despedidas.
Fizemos do improvável um lar,
até que o tempo, com sua fome antiga, nos engoliu.

Então restou o silêncio.
Não o bom — aquele que abraça —
mas o que afasta, fere, dissolve.
O silêncio que grita quando tudo está calado.

Você voltou, dizem.
Mas parte de ti ficou onde a terra ainda geme.
E eu… continuo aqui,
abraçando a ausência que leva teu nome.

É mais fácil amar uma lembrança
do que tentar encontrar o que se perdeu sem partir.
E no fundo, prefiro assim:
imaginar que o amor morreu herói, não prisioneiro.

A guerra se despede com olhos abertos,
nunca com tiros.
Ela vive nos gestos, nos traumas,
no homem que voltou calado e frio.

E eu, que ainda falo com sombras,
que ainda espero um sorriso antigo,
aprendi que certos amores são eternos
apenas porque nunca chegaram ao fim.

Não te culpo.
Te guardo.
Te escrevo em versos porque não sei enterrar
quem nunca me disse adeus.