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Bandolim ressonante

Bandolim, estremece as cordas que lhe compõe em tons calorosos

pois moça bela a qual desejo, Ana, o sol do amanhã,

presente cá se faz sobre fúnebres ossos sem incômodo

cantar-lo-ei sem fim, sem medo e de forma não vã.

 

Do meu sol que ao médio dedo vibra em canções de paixão.

Lembras das margaridas? Deixei-as de frente ao retrato.

Lá, no lar, se toca em gritos por funda solidão

porque de lá me ausento sem estar com você. Execrável tormento.

 

Mas sabes… quiçá cá não sejas de tal ruim lugar

porque poderei por fim tocar meu bandolim.

Se antes impedido era, tocarei agora livremente para me liberar…

liberar da solidão. Sim, sentimento de angústia; aflige-me esperá-la vir

 

Se esperas as demais notas soarem, desista.

Porque caio agora em prantos em campos funestos 

não há flores, nem sequer verdes tapetes para lágrimas derramar 

a não ser ajoelhar-me na dor e então marchar a suplicar:

 

Dai-me, fervorosa Morte, um momento de beijo singelo.

Não a vós (que a detesto), 

mas em rosada buchecha que a deixei na Terra.

Sim, na luz de Ana que o rosto dela irradia

 

Encaracolado cabelo tens, marrom como carvalho que pelos raios clareia.

Recordo de vossa beleza em rápidos relances de memória que definham em areia,

mas ó… ó… perco-me em relapsos. 

Esqueço de ti a cada minuto, e os vultos de ti distoam-se além do cronos

 

Estou me tornando o que eu era, ou mesmo o que não era:

Um punhado de pó. 

Se pudesse escrever outras estrofes, a ti seria destinada.

Mas aguente. Aguente um pouco em permanecer só.

 

Bandolim toca.

Toca, toca, bandolim:

Sol, Si, Ré, Mi, Lá

Dó, nota sem fim.