Querida,
já tinha te superado…
já tinha adormecido o sentimento,
guardado como uma lembrança boa e grata.
Mas você voltou…
você esperou um ano e meio,
voltou numa terça-feira à noite,
mandando uma mensagem—
a esperança, o anseio,
a felicidade, a devoção
chegaram no mesmo instante…
Mas logo se foram,
quando você falou que tinha alguém.
Agradeceu pelas flores,
mas logo falou que tinha alguém,
e que nunca foi eu…
sequer eu nunca fui visto.
Querida, naquele instante
não senti raiva,
senti um vazio…
como se eu estivesse em luto.
Saber que amei alguém que nunca existiu
me trouxe à tona um sentimento de pena.
Sinto pena,
não de mim—
naquela mesma noite que você voltou
pra falar que eu nunca ia te ter,
só consegui sentir pena…
Você nunca me apreciou,
você nunca viu minha cicatriz,
você não sabe minha música favorita,
não sabe…
Querida, percebi
que não posso te superar
ou sentir sua falta,
porque você nunca foi real.
A pessoa que eu achava que você era
é inexistente.
Naquela terça-feira
você me deixou pela terceira vez—
mas naquela mesma noite
o amor-próprio me consolou.
Você sempre me quebrou primeiro.
Sinto muito, querida,
mas não tem como se lembra de algo que nunca foi real, você está sendo esquecida.