Jose Rinaldo Pinheiro Leal

Caminhos solitários

Eu sai para andar naquela tarde,
sem que ninguém me visse.
Trens desperdiçados, oceanos fechados,
lágrimas secretas, nada faz sentido.

Queria parar de sentir!
Nada mais importa: nem a escola,
nem as saídas, nada!
Tudo está em preto e branco novamente.

Aqueles velhos hábitos, aquela antiga vida,
aquelas músicas antigas, aquele amor vazio.
Eu sei que não serei compreendido,
nenhum foi, porque seria diferente?

Ando por casas e largos corredores
de choros e lembranças péssimas.
O que será diferente? Será que será melhor?
E o meu futuro?

As luzes trilham para um túnel escuro,
sem vida, sem sinal, sem ninguém,
sem lembranças, sem nada, como a minha alma.

Todo mundo percebe, mas ninguém acha
que eu vou fazer, ninguém me escuta,
ninguém acredita em mim.
Eu espero que essa seja a última vez.

Eu fecho esse poema sentindo nada,
absolutamente nada.
Meu coração está oco,
minha alma está vazia.
A dor virou tão comum
que eu nem a sinto.

É a última vez e é o último poema.
Eu tentei, mas ninguém me ajudou.
A culpa sempre vai ser minha.
Tudo trilha para o fim,
tudo trilha para um caminho solitário.

(Poeme do escritor José Gomes, tirado do Livro de sua Autoria: Noites de Outono)