Eu sai para andar naquela tarde,
sem que ninguém me visse.
Trens desperdiçados, oceanos fechados,
lágrimas secretas, nada faz sentido.
Queria parar de sentir!
Nada mais importa: nem a escola,
nem as saídas, nada!
Tudo está em preto e branco novamente.
Aqueles velhos hábitos, aquela antiga vida,
aquelas músicas antigas, aquele amor vazio.
Eu sei que não serei compreendido,
nenhum foi, porque seria diferente?
Ando por casas e largos corredores
de choros e lembranças péssimas.
O que será diferente? Será que será melhor?
E o meu futuro?
As luzes trilham para um túnel escuro,
sem vida, sem sinal, sem ninguém,
sem lembranças, sem nada, como a minha alma.
Todo mundo percebe, mas ninguém acha
que eu vou fazer, ninguém me escuta,
ninguém acredita em mim.
Eu espero que essa seja a última vez.
Eu fecho esse poema sentindo nada,
absolutamente nada.
Meu coração está oco,
minha alma está vazia.
A dor virou tão comum
que eu nem a sinto.
É a última vez e é o último poema.
Eu tentei, mas ninguém me ajudou.
A culpa sempre vai ser minha.
Tudo trilha para o fim,
tudo trilha para um caminho solitário.
(Poeme do escritor José Gomes, tirado do Livro de sua Autoria: Noites de Outono)