carrego comigo um vulto meio ralo
que não tem a fundura do desgosto
e nem mesmo o tamanho dum abalo
no sopro da noite logo ela se apaga
feito a lembrança que perdeu o viço
que já não me ri, pesa e nem indaga
já não me dobra mais o seu enredo
pois se me segue, vai de muito leve
tal o primeiro boquejo do arvoredo
e se amanheço, tingido de alvorada
já não posso ver o Sol que me traça
devolvendo a ela sua velha passada
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 04/04/25 --