Gilvann Olliveira

MONÓLOGO

Não quero mais pensar.
Hoje, quero deitar em meu próprio colo,
fazer cafuné em minha cabeça
e acalantar minha alma.

Vou abraçar meu corpo cansado,
recostar-me em meu ombro
e chorar lágrimas de sortilégio
por ter com quem conversar.

Vou sentar-me na velha poltrona
e dialogar com minha essência,
jogando conversa fora durante a madrugada.

Depois de uma longa conversa
com meu Eu Intrínseco,
farei um café para nós dois
e brindaremos à vida
como ela deveria ser.

O tempo passou tão rápido
que nem percebi que meu SER
teria de se retirar
para dar lugar à minha persona.

Agora, estou sozinho,
pois fui embora, prometendo voltar
na noite seguinte,
trazendo na mala novas histórias
e novos sabores.
Todos guardados
no interior de minha mente inquieta,
repleta de infinitas formas
de atuar no espetáculo da vida.

No fim de tudo,
não existem monólogos,
apenas um diálogo contínuo
comigo mesmo,
em busca do EU desconhecido.

E, se por algum motivo eu não for até você, venha até mim.

Bata na porta do meu inconsciente, e me faça o convite para continuarmos a nossa conversa  de onde paramos.

O então, faremos novas colchas de retalhos dos nossos  delirios, usando a já cansada máquina de constura que se encontra no canto da sala das antigas memórias.

E continuarei tecendo diferentes maneiras de conviver comigo mesmo na complexidade da minha breve existência!