Ainda é cedo para acordar do sonho
pois aqui onde a realidade não me alcança
minhas lembranças bailam misturadas
ao som desafinado de uma sinfonia calada
Da lixeira das sobras do cotidiano
retiro um amontoado de imagens
com as quais pavimento estradas
a me levar ao interior inominado de mim
Aqui dentro sou outro sendo o mesmo
sou o dono do castelo embora não more nele
sou um pássaro sem asas a voar desvairado
no policromado céu da fantasia e da imaginação
Aqui dentro sou guerreiro invencível
salvando Dulcineias encarceiradas
sou explorador de espaços siderais
o mais hercúleo de todos os Hércules
Não importa se o sonho é uma invenção da alma
o que importa é que ele aconteceu ao clarear
do escuro mais íntimo que há aqui em mim