Fogo queima meu ser,
me torna cego —
a minha prepotência,
minha ignorância e minha revolta
me sentem por inteiro.
O agora tem de ser feito,
o certo da minha mente
tem que ser o certo e ponto.
Ignoro o redor,
sem desejo de conselhos,
cheio de ilusões.
Na rua vazia dos sonhos,
sem guias, apenas finais.
Sonho com um mundo ideal
onde tenho casa pra voltar,
onde todos meus erros
são acertos.
Tento viver minha mentira do futuro,
mas o presente me toma a esperança
e me faz pedir o nada.
Posso sonhar com um amanhã real,
mas não posso tatear esse sonho —
como uma música feliz
no fundo do velório,
como lembranças de um futuro possível
presas na mente,
ao lado das ilusões mais reais
que posso ter.
Me percebo real
quando vejo meus erros,
percebo-me ingênuo.
Penso no que passou,
vivo o ideal do passado,
tentando não viver o presente.
Os conselhos agora
são sobre sonhos,
e a realidade se torna crua.
Quero me perder nos meus medos,
quero que meu ódio me domine —
para que isso acabe
com um presente feliz.