Clodomiro padilha junior

O TEMPO

Dilacerado tempo, que esqueceu de me deixar ir,  sem compaixão ele passa e me deixa marcas pelo caminho, sem exitar nem por um segundo ele me leva com pujança em direção ao fim. Mas em meio a esse aldrabice, ser supremo cintila unânime em meu pensamento, que é deveras devorado, mas, pairando sobre a tempestade de lembranças, fragmentos, por todo lado, em todos os dias em todos os momentos, como se fosse peça mestra de tudo. Até alguns sentidos me fazem lembrar, o cheiro que outrora me remete ao sorriso, sutil toque que sentem as pontas de meus dedos lembram uma parte acariciada, e o som de algum instrumento já me faz não esquecer de momentos vividos com esse ser. A tempo, me deixarás terminar o que comecei? Não, eu sei, porque se eu por acaso imaginar que sentimento tão grande tem fim, eu não sou digno dele. Entretanto me permita não apagar de meu âmago a imagem nem que seja desfocada, mas presente enquanto meu pensamento existir.