Antonio Luiz

Pesadelo nosso de cada noite

aprisionado no sono por um véu sombrio

contido por um pântano de iras e sustos

onde o impensável me espia de arbustos

e as esperanças se dissolvem num vazio

 

meu grito é a voz sussurrada em desvio

como murmúrios entre ecos já vetustos

e o vento que rabisca os rostos injustos

traça no meu o horror dum olhar esguio

por fim, cai um pequeno céu feito ruína

e bem no fundo do meu peito se ilumina

um brilho lúgubre dum relâmpago tardio

 

e quando a noite afrouxa sua fina trama

meu corpo suado se remexe, se espasma

e o medo acorda antes mesmo do que eu

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 27/03/25 --