aprisionado no sono por um véu sombrio
contido por um pântano de iras e sustos
onde o impensável me espia de arbustos
e as esperanças se dissolvem num vazio
meu grito é a voz sussurrada em desvio
como murmúrios entre ecos já vetustos
e o vento que rabisca os rostos injustos
traça no meu o horror dum olhar esguio
por fim, cai um pequeno céu feito ruína
e bem no fundo do meu peito se ilumina
um brilho lúgubre dum relâmpago tardio
e quando a noite afrouxa sua fina trama
meu corpo suado se remexe, se espasma
e o medo acorda antes mesmo do que eu
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 27/03/25 --