Clodoaldo Feitoza

Quem sou eu?

Quem sou eu?

Não paro de me perguntar.

Quem sou eu?

Parece fácil de responder, mas não é.

Mesmo assim tentarei explicar.

Eu sou aquele que chora,

Por não saber onde está.

Sou aquele que anseia pelo colo,

E pelo aconchego de minha mãe.

Sou aquele que ainda não atende por seu nome, 

Mas sabe quem é.

Eu sou aquele ser frágil,

Que depende dos outros para existir.

 

Quem sou eu?

Eu sou aquela criança que corre na rua e feliz sorri.

Sou aquele que ama tomar banho de chuva.

Sou cheio de sonhos que muitos acham que são bobos,

Mas que para mim podem mesmo se tornar realidade.

Eu sou quem ainda tem heróis que me estendem a mão sempre que caio,

Sou quem não se preocupa com dinheiro,

A não ser na hora de comprar.

 

Quem sou eu mesmo?

Sou alguém que ainda está se encontrando.

Antes eu sabia quem eu era, agora não mais.

Tenho muitas dúvidas e problemas.

As vezes quero voltar a ser criança,

As vezes, quero mesmo é ser adulto.

Estou começando a entender as complicações do mundo,

Sendo que a maior delas, é essa espinha nojenta,

Que não consigo fazê-la sumir de minha cara hoje!

Eu já tenho muitas responsabilidades,

Mas a maior delas é ter que decidir o que eu vou ser na vida.

Quem sou? Ainda não sei seu chato!

Deixe-me em paz para que eu possa descobrir!

 

Quem sou eu?

Você  já deve estar cansado de ouvir essa pergunta. 

Mas vou novamente te falar.

Eu sou quem eu quiser ser. Eu quero. Eu posso.

Eu sou bonito, sou forte,

Quase nunca adoeço.

Eu sou aquele que passa a noite inteira na festa,

E no outro dia, vai trabalhar. 

Eu aguento, acredite!

Acho que já descobri algumas coisa boas da vida,

E quero experimentar.

 

Quem sou eu agora?

Mais uma vez me questiono.

Eu sou pai, sou mãe, 

Sou professor, sou médico, sou motorista,

Sou enfermeiro, sou vendedor, sou arquiteto,

Tenho inúmeras profissões.

Sou rico, sou pobre e sou classe média.

Sou também miserável perambulando pelas ruas.

Mas sou também artista, religioso ou não.

Enfim, sou alguém que está em ascenção, 

E também em declínio.

Eu sou tantos, que nem consigo me definir.

Sou preto, sou branco, sou pardo.

E amarelo também.

E mesmo sendo tudo isso, ainda não sei quem sou.

 

Quem sou eu?

Finalmente eu descobri.

Depois de ter sido tantas coisas, 

Depois de ter feito tanto, de ter trabalhado tanto,

Sinto-me tão cansado. Adoeço com frequência.

Sinto solidão. Mas ainda estou aqui.

Jovem na minha mente,

No meu corpo, nem tanto assim.

Minha vista está cansada.

Doem-me as pernas e a coluna.

Mas ainda estou aqui.

As vezes moro sozinho, pois meu companheiro já se foi.

Outras vezes, moro com pessoas como eu,

Que já tiveram dias mais acelerados.

Agora o tempo passa mais devagar.

Mesmo com tantos compromissos,

A aposentadoria nem sempre dá.

Tenho que me virar.

Mas sou feliz com o legado que vou deixar,

Pois muitas pessoas ajudei.

Ou talvez não tenha nenhum legado.

Pois fui semente que caiu no meio dos espinhos e abrolhos,

Que não floresceu.

Sei que logo irei partir.

 

Quem sou eu?

Acho que finalmente eu entendi.

Agora bem perto do fim, 

descobri que é assim mesmo.

Que eu vou e depois volto,

Que já fui, que sou que ainda serei.

Entendi que de muitas formas sempre estarei aqui.

Descobri a resposta à pergunta.

Quem sou eu?

Eu sou eu.

Eu sou você.

E nós, somos um.