Naquela noite fatídica, eu não consegui dormir.
Olhava esperançosa para o celular,
esperando, angustiada, por uma ligação,
uma mensagem tua dizendo:
\"Vem me buscar!\"
Levantei da cama e fui até a janela da sala.
Sentei no braço do sofá e, em silêncio, observei
o clarão que rasgava o céu,
acompanhado da chuva forte.
Lembrei da última vez que estive com você.
Você tentava esconder o cabelo assanhado,
porque ainda não tinha terminado de arrumar.
Enquanto ia de um lado para o outro,
eu só conseguia te ouvir, atenta,
falando sobre a maquiagem perfeita,
a roupa certa,
a importância daquele momento.
E eu só queria dizer
que, para mim, você já era perfeita,
mesmo de cabelo bagunçado,
mesmo sem toda essa preocupação.
Mas guardei as palavras comigo.
E agora elas ecoam nessa noite sem fim.
Agora estou aqui, diante do nosso último adeus.
O silêncio pesa mais do que qualquer palavra não dita,
e tudo que sobrou foi a chuva forte
batendo contra a janela.
Seu nome agora é sussurro no vento,
seu riso, uma lembrança distante.
E por mais que eu espere,
sei que o celular nunca mais vai tocar.