Eu me ressuscito todos os dias.
Todos os dia eu morro.
A cada hora, minuto, segundo
Sinto, por pouco tempo, meu coração parar de bater
E o meu sangue não circular
E o meu cérebro repassar cada instante em que eu passei viva
Todos os momentos em que eu chorei e ninguém viu,
Todos os momentos em que eu pensei estar bem,
E, por incrível que pareça, os momentos em que eu me senti
>verdadeiramente<
feliz, por mais que sejam poucos.
E aí eu choro
Não de tristeza,
de alívio.
Alívio de saber que não preciso mais estar viva.
Mas aí, eu chego.
Estrago meu alívio, minha paz
Massageio meu peito,
Massageio,
Massageio,
Massageio,
Massageio,
Massageio,
Até que
eu revivo.
E tudo o que eu mais quero é me sentir morta novamente.
E eu consigo.
Morro de novo,
e de novo,
e de novo,
e de novo,
e de novo,
e de novo.
E assim, todos os dias, eu me mato e me ressuscito,
na espera de não precisar mais do RCP.