Aos que escrevem para o tempo,
lançam palavras ao vento,
sabem que o eco se perde
nas asas da efemeridade.
Cada verso, um suspiro fugaz,
viaja pelo ar, se dispersa no vento,
levado por correntes invisíveis
que os olhos não podem seguir.
A morte, essa sombra tão próxima,
sorrindo com lábios sem forma,
se esconde na rotina
e, quando se aproxima,
não deixa mais espaço para o alívio.
Poetas e poetisas, como fios de seda quebrados,
costuram em silêncios profundos,
tecendo dores e suturando sonhos
nas páginas da noite,
onde a tinta mancha o vazio,
e os segredos se perdem em galáxias solitárias.
Há um abraço escuro
que nos envolve sem que percebamos,
separando o que é leve do que é denso,
presente na vida daqueles que
nunca se entregam ao descanso,
nunca se entregam ao esquecimento.
Pelo que foi,
pelo que ainda respira entre as palavras,
pelo que se perde e se encontra,
resta-nos a presença
daquilo que nunca se apaga —
as palavras que ainda transpiram
nos espaços entre os silêncios.
18 mar 2025 (13:23)