A saudade é um eco sutil,
um sussurro que atravessa o tempo,
como folhas dançando ao vento,
repousando no solo do coração.
Ela chega sem aviso,
uma brisa que traz o perfume esquecido
das flores de um ontem distante.
É semente plantada na ausência,
germinada por mãos invisíveis do passado.
Suas raízes se entrelaçam
nas camadas mais fundas da alma,
onde a dor e o amor convivem,
como troncos retorcidos
de uma velha árvore que resiste ao tempo.
No início, ela pesa.
Um céu nublado que ameaça chover,
um espinho que perfura invisível,
uma pedra que repousa no peito.
Mas, aos poucos, sua força brota.
A lembrança aquece como o sol da manhã,
um sorriso perdido renasce em luz,
e o vazio se transforma em um jardim.
Ali, a saudade floresce silenciosa,
como uma borboleta que pousa
e colore o que parecia cinza.
Saudade não é ausência pura.
É presença moldada pela distância,
é a sombra de um abraço eterno,
o reflexo de quem fomos
e a promessa do que seremos.
Ela nos ensina a cuidar da terra fértil
de nossas emoções,
a acolher a dor e a ternura
como irmãs que dividem a mesma raiz.
No fim, ela nos convida a abrir janelas,
deixar o vento renovar o ar,
e perceber que o jardim do coração
nunca está vazio.
Na escuridão, há sementes dormindo,
esperando o amanhecer:
um ciclo eterno,
onde a vida refaz seu caminho
entre sombras e luz.