Hoje eu giro a manivela da minha vida
com as mãos sujas de dor,
com os dedos calejados de tanto segurar
o peso de uma ilusão que não era minha.
Eu sinto raiva.
Raiva de ter amado o que nunca existiu.
Raiva de ter acreditado em promessas
que eram só vento,
de alguém que nunca foi real.
Raiva de mim, por ter dado tanto,
por ter me perdido em alguém
que não merecia nem ter me conhecido.
Raiva de você, por ter mentido,
por ter fingido,
por ter me feito acreditar
que eu era importante
quando eu era só uma figurante
no sua peça de teatro.
Mas hoje eu giro a manivela.
E não importa o sangue que escorre,
não importa o cansaço que pesa,
eu vou seguir.
Eu sou minha.
Minha dor, minha raiva,
minha força, minha luta.
Não importa o boato da vizinha,
não importa o que minha mãe faria,
não importa se você gostaria,
não importa o que pensariam.
Eu não vivo mais para agradar,
não vivo mais para caber
nos moldes que alguém criou.
Eu giro a manivela.
E se dói, que doe.
Se sangra, que sangre.
Eu vou arcar com as consequências,
porque ninguém faz por mim.
Ninguém sente por mim.
Ninguém vive por mim.
Eu sou minha.
E hoje eu giro a manivela
com toda a raiva que arde,
com toda a dor que corta,
com toda a determinação
de quem sabe que merece mais.
Eu giro a manivela.
E não paro mais.