A vida não cabe na balança,
não há colher de medida,
nem livro de receitas infalíveis.
O que há é a mão que mistura,
o doce e o amargo,
o sal que se perde, o tempero que falta.
Erramos, sim, e o erro é o fermento.
De colher em colher,
aprendemos que o gosto é feito no acaso,
que o prato mais belo
é o que nasce do improviso,
com suas falhas transformadas em encanto.
Há dias em que a receita se perde,
o forno não aquece,
a mesa permanece vazia.
Mas é na dor do amassar,
no calor do desafio,
que o pão se forma,
que o sabor renasce.
Ao fim, ao olhar o banquete da vida,
percebemos:
a perfeição nunca foi o prato,
mas o ato de cozinhar,
com os ingredientes do ser,
e a coragem de provar,
sem medo do erro,
sem receio de recomeçar.