Bisneto Amaral

Minhas declarações e minha vulgaridade

Sou de poucas palavras

E os versos não me foram dados,

Vieram ao acaso;

Consinto com os poucos,

Os estendidos, trinchados pelo orgulho;

Saqueados, sem propósito —

Resultado dos meus poemas,

Infelizes poemas, por sinal;

Sendo servidos de rupturas,

Estilhaços do que já se foi chamado \"amor\".

Pelos eruditos, sou um escândalo ambulante,

Um felizardo na miséria do meu próprio ser,

Um estigma, um verbo novo, um adjetivo proposto;

Sou uma desordem natural,

Lúpus na pele da terra.

Mas, ao pensar em ti, meu amanho,

Tenho o seu beijo e toda noite meu corpo é seu;

Minha calamidade, minha súplica e minhas condolências à vida,

Tudo! Ah, tudo é, de certo, um breve delírio errante.

Tua presença se torna, por vez, a minha alforria.