Nunca gostei de escrever sobre amor
É inútil
Emburrece
Te traz de volta os momentos que você tenta esquecer, mas não esquece
Um romance nada mais é que uma volta pra casa bêbado
Principalmente pelos deslizes e tropeços
E nunca segure a garrafa do avesso
As vezes você cai e quebra a cara
Chegando em casa, da porta se ouve a gritaria
Você mora sozinho, mas é melhor voltar e esperar amanhecer o dia
Como se amanhã não fosse o mesmo dia
Como se a embriaguez não fosse uma alegria
Com as mãos atadas ao suposto destino
Os bares da esquina, os passos cansados
E o amor se vai junto com a saideira
Mas sempre tem uma pra te oferecer mais um copo
Mais uma garrafa
Mais um beijo
Mais uma noite
Mais uma volta pra casa bêbado
É um ciclo vicioso
Quem ama e bebe busca o martírio
Em ambos os sentidos
Faz sentido
Sentindo, ainda me escondo em ambiguidade
Se bebida ou amor, nunca deixei pela metade
Então abro a porta e entro
Me sento
Abro a garrafa
Despejo meu lamento
E bebo todo o amor que me restou.