Lemos de Sousa

Eu fantasma ...

Sou esta velha casa

 

em que alguém um dia morou

 

Sou o silêncio das janelas 

 

sem rangidos, tão fechadas

 

Sou as marcas de vento e tempo 

 

entalhadas em minha pele

 

Sou o pó sem a mobília,

 

nem mesmo alguém para soprar

 

Sou eu Calçada de folhas 

 

e eu escura fechadura,

 

sem minha chave enferrujada!

 

Sou eu quem as telhas choram 

 

quando chove, sem ninguém

 

Sou também suas rachaduras,

 

nunca o coração partido

 

Sou somente uma velha casa

 

abandonada, sem abrigo! ( ... )