Lua em Libra

Noite Perdida, Amanhecer Partido

A noite caiu, mas não trouxe descanso,

trouxe gritos, ofensas, lágrimas secas no rosto.

Tua voz, embriagada, ecoava pelas ruas,

acusando-me de crimes que nunca cometi.

 

As chaves voaram, o orgulho se estilhaçou,

meu nome manchado diante de portas fechadas.

E quando a madrugada engoliu teu corpo sem rumo,

meu coração, ainda tolo e amoroso saiu à tua procura.

 

Pelas esquinas, pelo asfalto frio,

pelos becos que temia pisar,

perguntei por ti a quem pouco se importava,

e soube então do preço pago pelo teu vício.

 

Me contaram dos abraços que não eram meus,

dos toques vendidos por nada além de ilusão.

E a dor, oh, a dor que senti,

foi como ser esmagado por mil punhos invisíveis.

 

E então voltaste, sem memória, com palavras,

com olhos vazios e um bafo que me afastava.

O álcool, esperma, porém tua boca sussurrava mentiras,

mas tua pele gritava verdades que eu não queria ver, - O que é isso, marcas de sexo, aralhoes e chupadas.

 

Discutimos, nos ferimos,

cada palavra um golpe, cada silêncio um abismo.

E no fim, o desejo venceu a razão,

mas o amor... o amor ainda lutava para existir.

 

E sigo agora, passo a passo,

remontando o que um dia foi inteiro.

Talvez a confiança não volte de súbito,

mas sinto que ela renasce, pouco a pouco.

 

O tempo, com suas mãos pacientes,

costura as feridas que a noite abriu.

E um dia, quando o medo já não restar,

talvez o nosso amor encontre novamente uma morada de confiança a descansar.