GRITOS
Palavras silenciosas
Em um silêncio que grita.
Silêncio que grita
Saltando de um livro
De páginas transparentes.
Quanto mais silêncio mais gritos.
Ingulo palavras
mastigo em versos
O metabolismo do pensamento
E sinto cada vez mais
Que o grito não pode convergir
Para o silêncio
E o silêncio não é resposta para o grito.
Nem o grito poderá ser apenas letras em uma lápide fria.
Grito é grito!
Às vezes de espanto
De dor
De alegria
De acalanto
De felicidade
De liberdade!
Mas não grite por vaidade.
E se puder grite também de amor
Porque o grito de amor
Cala a mentira
Afugenta a maldade
Cruza o universo
Agita corpos
Embala a alma
E une até as mãos armadas!
Carlos Lucena