Há um vazio que não se cala, uma certa lacuna que se instala.
Como diz Lacan: é o desejo que nos habita, uma ausência que, sem sentido, nos instiga e incita.
Busco, insatisfeita, o que não sei nomear,
mas nem sempre é preciso encontrar.
A felicidade, às vezes, é um sopro leve,
que não se agarra, mas que simplesmente é breve.
Sorrio ao entender que não preciso correr,
que a vida não é só o que quero ter.
O desejo me move, mas agora não me aprisiona,
é o ritmo do vazio que me abandona e me abona.
Não há fim, só o caminho,
o movimento que é o próprio carinho.
E nessa busca, que nunca se completa,
encontro a paz que o desejo interpreta.
Desejo e insatisfação são motores,
mas a felicidade pode estar justamente em aceitar
o movimento sem a necessidade de preencher
esse completo e imenso vazio.