Godhici Reverie

Abstenção

E não importa o tamanho do arco íris

Nem o quanto sejam suas cores vibrantes

Aonde meu ser peregrinar e se deparar

O monocromatismo estarás sempre em meu olhar 

 

E não importa o quanto é verde e vivo o campo

A sonância de um rio, os pássaros em canto

Pois por onde minha alma propagar-se e alentar-se

A grama se fenecerá, as aves irão desvanecer-se

 

E não importa a alacridade exalando das catervas

Tampouco sua momentânea serventia em festas

Nada hás de desunir-me desta mazela prostrada

Não absorvo a sua ledice, possuo uma dor arcaica

 

E não importa o quão cético e realístico seja o mundo

Sequer os tombos, fatos ou princípios claros e obscuros

Flutuarei noutra dimensão, sob devaneios e quimeras

Vivendo tramas de pura utopia em meu encéfalo que não cessa

 

Não importa as tentativas de exibir-me a beleza do céu azulado

Do sol radiante, do fulgor escaldante e magotes em entusiasmo

O meu aconchego é num cosmos nebuloso, álgido e embaciado

Eremítico, remoto, vetusto, acaçapado se não pelo trilar dos corvos

 

Não importa a abundância nem mesmo a dimensão de triunfos

Nem ao menos o prestígio, veneração e fascínio da humanidade

Acompanharás sob mim, uma eviterna insatisfação de puro impérvio

E uma entrançada indagação no júbilo do viver... Até quando? Não hei de saber

 

 

E não importa o cômputo de flertes materializados

Conquanto esta seja a donzela de fulgor enraizado

Meu ímpeto se aglomera perenemente no sofrer

Não busco amores, e sim a alavanca em sempre lamentar-me