kleisson

Poesias do Deserto (Das Poesien von Desert)

Areia em minhas mãos

escorrendo para o chão quente

como pedaço de corpo da terra árida

que o vento quente sufoca

 

palavras enterradas na areia

que ninguém conhece

segredos mortos pelo insuportável

calor abrasador

o povo segue seu caminho como filho de terra que a água partiu

a chuva despreza as areias

 

somos os olhos do deserto

caminhando rumo ao sol poente

para descansar 

viver na imensidão da solidão

com a companhia do vento 

e do imenso deserto

 

talvez chova amanhã

talvez sopre vento fresco

e revele as poesias escondidas por baixo da areia

que nos consome

feroz

irredutível

 

palavras doces como água

sepultadas na areia do tempo parado

as montanhas se calam 

como que intimidadas

pelo ardor do dia

que se nega a findar

 

talvez a noite

revele com o vento frio

o conforto

de palavras tão poéticas

escondidas de nossos

olhos

 

nossos camelos

repousam

nós seguimos as estrelas

que avançam a noite

 

ela muda 

em seus segredos

com seus poemas

ocultos

na aurora

da vida

no limiar

dos ponteiros

do oriente