DOMADO
De todas, era o seu jeito felino que me aprisionava.
E eu, que nasci espírito livre,
me vi na jaula, colecionando arranhões
como quem coleciona pecados.
Que ironia do destino!
Eu, que tanto falei sobre paixões sufocantes e desdenhei dos amores,
me vi nos meus próprios dilemas.
Caça ou caçador?
Instinto ou razão?
Heroi ou patético?
Hoje penso:
Queria ter dois corações:
um para me manter vivo,
o outro para gastar sem dó,
como quem joga fora o troco de um vício barato.
C Araujo