Para os poetas que escrevem para o tempo,
cuspindo versos pelo ar,
mesmo sabendo que o vento levará suas palavras
para onde os olhos não poderiam alcançar.
Para a morte silenciosa que nos acompanha,
sombra discreta da nossa rotina,
sorrindo com seus lábios invisíveis.
E quando nos aperta, não solta mais...
Para as poetisas perdidas em pensamentos,
costurando dores e esculpindo sonhos,
amantes da noite e do manchar da tinta,
com seus segredos perdidos no espaço, no nada.
Para a escuridão do abraço dolorido,
aquele que não se perde,
entre um monte e um pouco,
presente na vida de quem nunca dorme.
Pelo partido,
pelo que foi, pelo que resta,
pela ausência que se fez morada,
pelas palavras
que ainda transpiram.