Nem sempre com as palavras certas,
nem sempre todas conjugadas,
e nem sempre orações simples,
quase sempre coordenadas.
Nem sempre adjetivos bons,
tão pouco advérbios positivos.
Nem sempre de bom tom,
mas quase sempre reprimido.
Nem sempre o texto em prosa,
muito menos coesivo,
coerente ou conexo,
quase sempre tudo lírico.
Há quem leia, quase ninguém,
menos que dois, um alguém.
Alguém ávido, esquisito,
leitor estranho do que cultivo.
Quase sempre ri dos meus erros,
quase sempre se diverte da confusão,
quase sempre sente aquilo que sinto,
e nunca me impede o travessão.
Quase sempre me desperta
para os erros que vou cometer,
e já até conhece meu vocabulário,
já sabe o que vou dizer.
Digo mesmo assim,
sabe que amo você.