- Minha Rosa! Minha Rosa! Devolva minha Rosa!
Gritava o menino desesperado atrás do estranho que roubou a sua rosa.
O estranho há dias observava a rosa: era de um vermelho vivo, chamava atenção no meio de tantas flores; seu aroma era tão macio, macio demais para que alguém pudesse perceber seus espinhos; era graciosamente bonita e única em seu galho.
O estranho, quando viu que a rosa estava sem o seu menino para protegê-la, não pensou duas vezes, arrancou-a de uma vez só e fugiu. Corria tão depressa! Pois aquela rosa seria entregue à sua amada, ele queria arrancar dela o mais puro sorriso, se possível, até seu coração. Ele queria dar a rosa a sua amada.
E o menino, quando viu que sua rosa foi levada, sobre passos tortos e rápidos, pois a soluçar:
- Minha Rosa! Minha Rosa! Devolva minha Rosa!
O povo lá fora não entendia porque o menino chorava por sua rosa. Era sim muito bonita, mas uma rosa não deveria fazer o menino chorar ... se fosse riqueza, roubo de um bem, a morte de alguém... tudo bem.
Mas a verdade é que ninguém foi para esta rosa alguma coisa. O estranho não tocou na terra em que sua semente germinou, não foi para ela nem uma única gota de água na amarga sede de um verão sem fim, não foi para ela o calor de um grosseiro inverno, nada nada nada. O estranho não a zelou durante o seu crescimento, nem teve de esperá-la para crescer. Por isso conseguiu arrancá-la tão depressa; Por isso o menino chorou por sua rosa.
A amada quando recebeu a flor, disparou um sorriso que não cabia em seu rosto, mas não demorou muito até que a rosa murchasse e perdesse sua beleza. A alegria de sua amada durou só algumas horas, embora levasse meses para que uma rosa se tornasse uma rosa.
O menino ainda a soluçar, agora baixinho, só dizia:
- Que roubasse a minha Rosa, mas que a levasse com terra e tudo. Que roubasse a minha Rosa, mas que não roubasse a vida de minha Rosa.