Nos cruzamos, sem alarde,
dois rios que se encontram na calma
de uma manhã que respira silêncio.
Foi assim: sem pressa, sem dor,
apenas o despertar do invisível,
algo que crescia nas entrelinhas do vento,
silencioso, mas inevitável.
Primeiro, foram palavras trocadas,
sementes lançadas ao acaso,
gentis e leves, sem saber
que já enraizavam em nossos corações.
A amizade, com sua paz tranquila,
foi o chão fértil onde o amor germinou,
crescendo devagar,
como o mar que avança,
sutil, mas implacável.
Mas o medo... ah, o medo!
Era uma sombra nos espreitando,
um sussurro de abandono,
como o eco de uma tempestade distante.
Eu temia que o amor,
tão vasto quanto a lua cheia,
se tornasse vazio em minhas mãos.
Mas teu olhar, tão profundo e sereno,
era a bússola que minha alma ansiava,
dizendo em silêncio o que as palavras não ousavam.
E então, você sorriu,
e o mundo se partiu em mil luzes.
Os medos, os dilemas,
desvaneceram como névoa ao sol,
como um acorde que se dissolve no ar.
Te olhar era descobrir
que tudo sempre esteve no lugar certo,
mesmo quando eu não sabia ver.
O tempo, este amante discreto,
não apressou nem adiou
o que já era destino.
Cada instante contigo
era uma música sem fim,
onde os silêncios entre as notas
diziam mais do que as melodias.
Nos tornamos um,
não por força, mas por entrega.
E eu, agora, sem o peso da dúvida,
sei que o que construímos é verdade:
não somos apenas palavras,
somos a vida em seu esplendor,
o amor em sua plenitude.
E ao olhar para você agora,
sei que nossas almas foram desenhadas juntas,
que aquele primeiro olhar
não foi acaso,
mas o chamado da vida,
entregando-me o privilégio de ser seu.
De ser o escolhido
para viver ao seu lado,
na eternidade do instante.