Amar não é desfazer-se,
não é apagar o fogo que te habita
para acender a chama do outro.
É sincronizar com as suas sombras,
aceitar que o teu mundo
não cabe em nenhum molde,
nem mesmo no que o amor te oferece.
Cada um é um universo,
uma constelação de medos,
de sonhos, de silêncios.
Desmontar-se para caber
é perder a bússola,
é esquecer a própria língua,
é vagar sem mapa no deserto
de um eu que já não existe.
Amar é ser inteiro,
é encontrar no outro
não um espelho, mas um rio...
Dois cursos que se cruzam
sem perder a direção.
É saber que o teu centro
não se move,
mesmo quando o coração
balança nas mãos do vento.
Pertencer a si mesmo
é a única forma de pertencer
ao mundo,
e ao outro,
sem deixar de ser
o que nunca deixou de existir,
você!