Marcelo Veloso

QUANDO A BAGUNÇA PERDE O FREIO

Quando tudo parece acabar,

aí é que a coisa bagunça,

e começa a complicar.

É um tal de calar a boca,

num esquisito deixa pra lá:

- Faz de conta que é assim!

- Não traga isso pra cá!

 

Quando tudo parece ter fim,

aí é que a coisa desembesta,

e envereda, tintim por tintim.

É um aceita que dói menos,

numa fala sem pé nem cabeça:

- Se acalma, tudo, logo, passa!

- É melhor que não aborreça!

 

Quando tudo parece acalmar,

aí é que coisa perde o rumo,

e não dá mais pra segurar.

É um corre-corre danado,

c’uma dor que não se agüenta:

- Perder a estribeira é besteira!

- Esquece, já virou uma tormenta!

 

Quando a bagunça perde o freio,

aí é colocar a viola no saco,

e tentar resistir ao devaneio.

É uma invenção atrás da outra,

c’uma disparada de mentira:

- Sossega, agora vai ser assim!

- Pronto, já caiu na mira!