A rotina e uma coisa danada,
ela engessa e deixa a mente travada,
poe no colo o que deve ser feito,
não descola e nem permite defeito.
A rotina é um troço perigoso,
ela envolve e faz o corpo ficar moroso,
tira o ânimo do fazer diferente,
ajeita e impõe o modo de ser dependente.
A rotina é um trem difícil,
ela coloca a gente no trilho, sem artifício,
injeta na veia um arranjo de conservação,
e não deixa mudar de rumo, nem de estação.
A rotina é um negócio maçante,
ela embebeda e impõe risco a todo instante,
inibe a rebeldia em aceitar o costume,
e debela todo intento de aversão e azedume.
A rotina é um hábito espinhento,
ela exibe tensão a todo o momento,
poda a diferença e aplica a praxe,
não permite que se escore ou que se relaxe.
A rotina é um treco quase engraçado,
ela envolve e faz o dia ficar afinado,
adoça a carranca pra acalmar o tédio,
e usa a hora do descanso como remédio.