Metamorfose

Tempestade Dentro e Fora

Os pingos caíram, tímidos, dispersos,

até que se tornaram correnteza, bravio verso.

Fora, o vento uivava sem trégua, sem fim,

dentro, ele fazia morada em mim.

 

O mundo desaguava em fúria e trovão,

será que era o céu ou meu próprio coração?

Há de se ter coragem para encarar o torpor,

saber quando parar, respeitar o temor.

 

Mas eis que surge, em meio ao vendaval,

alguém que encoraja, que estende um sinal,

que espera comigo, que diz sem temer:

\"A tempestade é forte, mas logo há de ceder.\"

 

E assim seguimos, molhadas, inteiras,

desbravando os restos da chuva primeira,

até que, ao destino, o vento nos leve,

e cada uma parta, sabendo-se leve.