Hoje tentei ouvir a voz do que sou,
mente e coração em dança ou disputa,
se em laços de seda ou fios de dor,
se em versos de paz ou notas abruptas.
Perguntei ao peito, mas ele calou,
olhei para a mente, vazia de trilhas,
se uniam num eco ou brigavam em vão?
Nada respondiam, segui sem partilhas.
Então me fechei, me fiz esquecimento,
neguei cada grito, cada intenção,
e o som da dúvida, num só momento,
fez-se poeira, fez-se ilusão.
E sumiu… como brisa perdida,
como rastro de sol em mar cinzento,
talvez minha alma já tenha a saída,
mas cala em segredo, guardando o vento.