De joelhos, um dia pedi em oração:
\"Deus, muda meus planos, guia minha missão.\"
E Ele, ouvindo, soprou Seu querer,
Na enfermagem, aprendi a viver.
No jaleco branco, um sonho bordado,
Entre aulas, plantões, um futuro traçado.
No asilo, abraçada a uma doce senhora,
De \"anjo\" me chamaram pelo corredor afora.
Eu vi, no toque e no olhar,
Que a vida é mais do que se pode comprar.
Ganhei histórias, mudas de plantas, presentes,
Mas o maior deles foi poder amar tanta gente
Cuidar tem laços que o tempo eterniza,
E a vida dá voltas de forma precisa.
Tia Eva, que cuidava do portão,
Me deixava sair da aula e ir pra igreja, em comunhão.
Os anos passaram, o tempo mudou,
E Deus me chamou pra ser quem cuidou.
No leito de dor, com a mão em sua mão,
Fiquei ao seu lado na última oração.
Vi uma mãe de medo chorar,
Seu filho nos braços, sem respirar.
E quando a vida voltou a brilhar,
Eu desabei, sem forças pra andar.
Mas nem sempre fui eu quem cuidava,
Houve um tempo em que a dor me tomava.
E foram enfermeiros, com mãos estendidas,
Tornando mais leves as horas sofridas.
Silvia, Raissa, Lara e Ju,
Com gesto sincero, com olhar tão nu.
Nos dias difíceis, na longa estadia,
Foram minha força, minha companhia.
Hoje, enfermeira, continuo a buscar,
Meu lugar no mundo, meu jeito de amar.
O futuro é um véu que Deus vai abrir,
E eu sigo confiando, sem medo de ir.