Anna Gonçalves

Do vazio ao sentido

Viciados no amor próprio
Quem somos nós, em meio ao caos?
Seres que buscam e buscam, mas temem o vácuo.
A verdade, que limita o campo visual um horizonte distante,
é paradoxo, é incerteza constante.

Como o mito da  caverna escura,
onde sombras são tomadas por loucura.
Mas fico aqui a questionar, a investigar,
e sempre a pensar.

E o que buscam para preencher o imenso vazio?
Se não disfrutar os equinócios, a aurora boreal,
o brilho das estrelas, o abraço do infinito
ou até mesmo das marés se colidindo.

Talvez o vazio não precise ser preenchido por futilidades,
que nos tornam distraídos, cegos à nossa própria essência.
Mas sentido, como o silêncio entre as estrelas,
um lembrete de que somos parte de algo maior,
um fragmento cósmico em busca de significado.

Pois a vida não é só busca, é também encontro:
com a terra, que nos sustenta e pede cuidado,
com o céu, que nos inspira a sonhar além,
e com o instante exato que nos habita, temporário e eterno.

Que possamos, então, olhar para as estrelas,
não como fugas, mas como espelhos.
Reflexos do que podemos ser,
se abraçarmos a vida com propósito,
e deixarmos de lado as ilusões que nos aprisionam.