Antes, o riff era só um ruído,
uma linha perdida na melodia.
Mas então veio você, e com você, a música.
Você tentava me mostrar, eu tentava entender,
mas só via o som que a guitarra fazia.
Agora, cada nota se faz presente,
não precisa mais da sua mão para soar.
O que antes passava despercebido,
agora se torna peso, se agarra ao peito.
Cada acorde é uma chama que hesita,
um desejo que se mistura com a saudade.
A melodia sobe, e eu sinto o corpo vacilar,
o vazio se preenche com dor, com raiva, com medo.
O som que antes me levava,
agora me arrasta entre extremos:
o desejo não correspondido, a saudade que não se vai.
Cada nota toca com um prazer amargo,
e fico perdida, perdida entre o que sinto e o que já perdi.
O som me leva de volta para nós,
para risos, para gestos que não voltam mais.
E me pergunto, entre um acorde e outro,
se você também sente — ou se já me deixou para trás.