é um dom da poesia, ouvir atenta a alma
em confissão, buscando amparo e calma
uma relação que vai além da consciência
sem censuras, pecados e nem penitência
e a lide dos poetas no seio dessa entrega
é cingir o segredo no verso que o carrega
mudar o pranto em algo que bem se goste
trocar lâmpada pra alterar tom de poste
que seja candente, a sacratíssima chama
a luz que escuta depois que tudo se apaga
aquele abraço bom de levar dores embora
e que não cesse antes da derradeira hora
a fonte que inspira, transmuta e embriaga
pois o verbo queimaria, longe dessa trama
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 12/02/25 --