andromeda

Indiferença

Da primeira vez que te vi, estavas sentado no jardim.

Quis te conhecer, mas nunca fui de me introduzir, eventualmente consegui.

Cada vez mais juntos, senti que havia alguma coisa aqui, fazias-me querer ser a melhor versão de mim.

Eu idealizei-me sobre ti.

Não tardou até dizer que me amavas, mais cedo do que estava à espera para ser honesta.

Foi durante uma festa, dormimos agarrados.

Partilhaste o teu passado, coisas íntimas, segredos fechados.

Confiavas em mim e eu não saía do teu lado.

Mas um dia, algo mudou.

Já não te via nem te ouvia, achei que estavas assustado.

Quando te perguntei sobre isso, disseste que tinha acabado.

E eu sem sítio onde cair morta, encolhi-me em posição fetal no meio do centro comercial e tu foste embora.

Nunca soube o porquê.

Essa foi a última vez que falaste comigo

Duas semanas depois, vi-te abraçado a ela, outra rasteira de que não esperava.

Não me mexi durante 3 horas e fui embora de autocarro.

2 anos depois quis reencontrar-te, falámos num concerto, mas foi só do teu lado.

Não me fizeste uma única pergunta e apresentaste-me a tua namorada.

Miúda simpática, coitada.

Achei que o assunto estava encerrado

Mas ontem à noite vi-te outra vez, estavas na banda que eu fui ver.

Olhei para ti enquanto cantavas, os teus olhos fugiram do meu olhar zangado.

Ao meu lado a rapariga que te vi abraçado, e do meu outro, a rapariga que tinha vindo antes de mim.

Uma ordem cronológica de amores falhados, de pessoas que gostaram de ti.

E de repente éramos novos outra vez, e eu senti tudo mais uma vez.

Depois do concerto elogiei a banda dele, ele agradeceu e saiu a correr.

Já me magoaram muitas vezes, e consigo dizer com certeza, que nunca nada me magoou tanto, como sentir a tua indiferença.

 

 

09/12/23