Letícia Alves

Reprise do que não pode morrer

A novidade é um reprise que voltamos a ver.
A melhor memória dá sempre filhos-ramos,
mas em cada vez há uma magia especial.
A fragrância do agora é tão única e singular
que assim nasce a nostalgia, que pode chorar
no coração depois. Se eu pensar que o que
apaga a minha existência ou não é sempre o agora,
vou viver. Viver de verdade, como um ambiente
repleto de pássaros, mas sem o Homens.
Ficando eu, ficarei-me para a ¹Eternidade.
Eu sei. O solo não morre, mas carrega os ossos.

¹Com este verso quis aludir, metaforicamente, ao ciclo \"eterno\", que encontro desde o nosso nascimento à nossa morte, que é sólido – morrer e voltar pra terra. Isso já está fadado, mas eu escolho, sendo assim, viver da forma que julguei mais correta, nas palavras de Sinatra: \"my way\" (à minha maneira, do meu jeito, o meu caminho, etc...) E o quando o tempo tiver me consumido, eu vou ter permitido que meu corpo materializado e espiritual tenha andado livre e feito o meu melhor. Porque quando meu pequeno coração e todas as coisas boas nele quebram e calejam, derretem e vão pra longe, para depois voltar, parecendo ter mais graça e mortalidade, é quando então eu posso vislumbrar a eternidade de algo. Essa vontade não morre. E isso, para mim, também é eternidade.