Meu peito arde ao observar
um ser sem abrigo, sem ninguém para amar,
sem ninguém a aguardar.
Tenho receio de um dia essa criatura me transformar.
Hoje choro, pois ao meu reflexo contemplar,
essa criatura que um dia eu jamais desejaria encarnar,
hoje nela venho a me espelhar.
A angústia de viver, ao ver o alvorecer e o crepúsculo,
já me deixa insano,
pois neste mundo insano não quero mais habitar.
Essa melancolia, essa solidão
que invade meu coração,
não tem um pingo de misericórdia,
pois essa infame nostalgia preenche meu coração corrompido,
amargo, dilacerado,
que do meu peito desejaria ser extirpado.
E ao tentar me recordar
do semblante da criatura que me fez amar,
minha boca vem a azedar
e toma totalmente meu ar...