Antonio Luiz

Bagagem intangĂ­vel

carrego uma viola sem cordas

esbranquiçada de noites na rua

na qual eu ponteio meu silêncio

 

trago um livro peludo no gibão

e um cãozinho fiel de capa dura

que pouco estica minha sombra

mas que abana o rabinho incerto

silente e um tanto desarrazoado

 

levo também um pedaço de céu

amassado sob o forro do chapéu

com punhados de fiapos de brisa

restolhos de palavras não faladas

e um cálice de suspiro esquecido

 

é quase dia e então eu sigo assim

com minhas faltas bem expostas

num varal de estender quietudes

 

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 11/02/25 --