carrego uma viola sem cordas
esbranquiçada de noites na rua
na qual eu ponteio meu silêncio
trago um livro peludo no gibão
e um cãozinho fiel de capa dura
que pouco estica minha sombra
mas que abana o rabinho incerto
silente e um tanto desarrazoado
levo também um pedaço de céu
amassado sob o forro do chapéu
com punhados de fiapos de brisa
restolhos de palavras não faladas
e um cálice de suspiro esquecido
é quase dia e então eu sigo assim
com minhas faltas bem expostas
num varal de estender quietudes
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 11/02/25 --