INGLÓRIOS
Não temo o fim
mas temo que meu nome se dissolva no vento,
que meus passos se apaguem na terra macia,
que meu silêncio seja confundido com esquecimento.
Se o tempo me consumir,
que ao menos sinta meu peso em seus ombros.
Se a vida me dobrar,
que cada cicatriz conte a história daquilo que não cedeu.
Que me lancem ao caos, que me arrastem ao esquecimento,
não pedirei clemência.
Pois se viver é resistir,
farei da resistência meu legado,
e da dor, um testamento gravado em pedra.
Cada queda será um marco,
cada renúncia, um degrau a mais na escada do inevitável.
Não clamarei por glorias
nem gritarei aos céus promessas de revanche.
Bastará o tempo,
sempre leal aos que sabem esperar.
Que os mundos girem,
que os séculos passem
eu permanecerei no sopro de cada lembrança,
na inquietude dos que ficaram…
Pois quando o mundo se esquecer do que fui,
quando os olhos que desviaram não tiverem mais para onde olhar,
serei o nome que ressurge na hora tardia,
a ausência que pesa nos ombros de quem partiu cedo demais.
Não como culpa,
mas como a lembrança do que nunca pode ser contido.
Eu, que caminhei na tormenta sem pressa,
que suportei a noite sem medo,
olharei para trás e saberei
não fui eu quem se perdeu,
mas aqueles que acreditaram
que o tempo apaga tudo.
Eu sou a sombra mas também luz
Eu sou o que nunca se cala.
Eu sou o indizível
E quando o mundo seguir adiante,
quando tudo se dissolverem na aurora,
não será os espólios que me sustentará,
mas a lembranças daquilo que jamais pôde ser apagado.
Pois há forças que o tempo não leva,
há nomes que o esquecimento não sepulta.
E eu serei um deles…